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A Bike como prática de lazer e atividade física

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REDAÇÃO PEDALAR

Alexandre Carvalho, 60 anos, economista. Arthur Abreu, 20 anos, estudante de engenharia. O que esses nomes têm em comum? Pode-se dizer que suas histórias se cruzam em uma das práticas mais importantes de suas vidas: o ciclismo. Apesar da diferença de idade, Alexandre e Arthur moram na cidade do Recife e compartilham do mesmo hobbie motivados por razões bem semelhantes: a tentativa de unir prazer e saúde em torno de suas bicicletas, objeto de extrema representatividade em suas rotinas nos últimos anos.

 

Há cerca de 14 anos, Alexandre viu seus hábitos de vida mudarem ao ressignificar a bicicleta. “Acho que não fui eu que escolhi o ciclismo; ele me escolheu. Há 16 anos tive um infarto, provocado principalmente pelo meu sedentarismo e fui orientado pelo médico a fazer alguma atividade física. Durante dois anos tentei de tudo, natação, caminhada, tênis, etc. Até que minha ex-esposa ganhou uma dessas bikes pesadas numa festa de final de ano e comecei a ir para a academia com ela (já frequentava - e detestava - a academia há um ano). Nessa ida, de apenas 1 km, percebi que nunca tinha me sentido tão bem. Resolvi tentar mais,  comprei a primeira bike e fiz meu primeiro pedal longo. 25 km”, descreve o economista.

 

“No começo fui atraído era pelo desejo de superação, de ir cada vez mais longe. Mas hoje, pedalar já faz parte da minha vida, quando estou no Recife sempre me desloco de bike, pra fazer compras, pagamentos, etc. Mas, o prazer verdadeiro atualmente, é quando estou em alguma trilha que nunca fiz, sem celular, sem pontos de referência, sem ninguém por perto. A melhor companhia é sempre você mesmo. O prazer que essas aventuras me dão é indescritível. É um lazer tão latente que dentre 10 locais que gostaria de pedalar, já fiz nove. Da selva amazônica ao Vale Europeu em Santa Catarina, cruzar os andes ou procurar sal rosa em Macau, tudo tem seu preço e quanto mais alto, maior é o prazer”, acrescentou ele, entusiasmado sobre sua história.

 

Arthur tem uma trajetória no ciclismo um pouco diferente, mas semelhantemente apaixonada. Há pouco mais de dois anos pedalando intensamente, como meio de transporte e como prática esportiva, ele conta como tudo começou. “Escolhi o ciclismo porque posso praticá-lo no horário que eu quiser, sem me comprometer com dias fixos, além de ser um esporte que me possibilita conhecer novos lugares. Os novos desafios e metas diferentes, os trajetos diferentes, as paisagens do caminho e a vontade de se superar cada dia mais me fazem sair da rotina e são muito atrativos”, explica o futuro engenheiro.

 

Em termos de recordes e percursos, Alexandre conseguiu acumular 174,6 km em um único dia e, neste ano, fez uma viagem de 12 dias na qual rodou quase 700 km. Arthur, apesar de ter três vezes menos idade e bem menos experiência nas pedaladas, também foi longe. 250 km em único dia e 10 mil km percorridos durante o ano de 2017. Os números deixam os dois ciclistas bastante orgulhosos.

 

Os ganhos na saúde

 

Quando se fala de saúde, não está em jogo apenas ser saudável fisicamente, mas emocionalmente e psicologicamente. Arthur enxergou claramente as mudanças no seu corpo e na sua mente depois do novo hábito. “O ciclismo melhorou minha vida, uma vez que funcionou como fuga para os estresses do cotidiano. Pedalar me faz controlar a alimentação para me manter em dia, além de me levar a lugares que nunca imaginei conhecer, conhecer pessoas diferentes todo dia. Hoje me sinto mais disposto para realizar as atividades do dia, tenho uma condição cardiovascular melhor,além de ganho muscular”, pontua o jovem.

 

Os ganhos de Alexandre são bem parecidos, com uma única diferença: na proporção de sua idade, são avanços exponenciais. “Digo sempre que o ciclismo faz mais bem por dentro do que por fora, até porque não tenho mais vaidade para ter corpo moldado. Só passo mal quando não pedalo por mais de 7 dias; o hábito de pedalar nessa cidade me livra do estresse”, afirma. “Vale salientar que enquanto praticava outros esportes, minhas taxas eram altas e minhas consultas mensais, hoje com 60 anos vou ao médico duas vezes por ano e minhas taxas são as melhores possíveis para um senhorzinho de seis décadas”, conclui ele.

 

Para analisar a conexão entre o ciclismo e uma melhor qualidade de vida, nada mais completo do que a visão de um especialista ciclista. Thiago Diogo é educador físico e também apaixonado por bicicletas. Questionado sobre especificidades corporais durante pedaladas, ele foi claro: “Os benefícios que o ciclismo proporciona são diversos. Melhora da capacidade cardiorrespiratória, é uma excelente ferramenta para auxiliar no processo de emagrecimento, está diretamente relacionada ao fortalecimento das estruturas musculares e ósseas, reduz fatores de risco para doenças crônicas e é uma ótima forma de  minimizar o estresse do dia a dia, pois libera hormônios diretamente ligados ao bem estar, como a endorfina”, diz.

 

Trânsito da Região Metropolitana do Recife: Ir de Bike ou de carro?

 

Cheios de propriedade para falar de mobilidade, tanto Alexandre quanto Arthur enxergam as precariedades na estrutura da Região Metropolitana do Recife (RMR) e fazem análises cirúrgicas sobre o tema. “Por gostar tanto de circular de bike, eu já aposentei meu carro, mas não posso deixar de falar que a infraestrutura do Recife é péssima. Nossa cidade deveria ser cidade perfeita para ciclistas, por ser pequena e totalmente plana, mas tem uma malha cicloviária ínfima, que normalmente não conecta lugares importantes. Os motoristas não respeitam o espaço do ciclista, não ligam para sinalizações, principalmente motoristas de ônibus. Ciclista em Recife é sinônimo de alvo, todo mundo quer acertar”, criticou.

 

“Gostaria muito de me deslocar apenas de bicicleta, mas a estrutura do Recife para os ciclistas é uma porcaria. Existem três tipos de ciclovias na RMR, as que os motoristas e motoqueiros não respeitam (Recife), aquelas em que os moradores fazem questão de obstruir (Olinda e Paulista) e aquelas onde os frequentadores não tem a menor noção de como se conduzir (essas dos domingos). Quando não há ciclovia, você pedala junto com carros, é proibido e arriscado pedalar nas calçadas. Não existe infra-estrutura ou fiscalização”, finalizou Alexandre.

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